Luto e as festas de fim de ano: como lidar com a saudade?

Data: 04/11/2022
Categoria:
MENINA NATAL

O final de ano é uma época significativa para a maioria das pessoas. É sinônimo de felicidade para muita gente. É tempo de reencontrar amigos, reunir a família e celebrar a vida, mas essa não é uma regra.

Para algumas pessoas, a aproximação das festividades costuma ser um momento delicado. Quem passou por uma perda significativa, recentemente ou não, pode se sentir mais melancólico e solitário. A dor da ausência se torna clara e o desejo de ter a companhia daquele que partiu, aumenta.

Há uma expressão inglesa que define esse sentimento: Holiday blues. É a tristeza que aparece em datas comemorativas, como festas de fim de ano e aniversários. Eventos como esses geralmente vem acompanhados de uma grande lista de afazeres e muita interatividade social. Para quem se encontra mais introspectivo, ter de encarar essas situações pode ser altamente estressante e até impactar quem sofre com quadros de depressão ou ansiedade.

A dor do primeiro ano

O luto é um processo intimista e individualizado de organização emocional interna, isto é, um momento totalmente pessoal, que ocorre conforme a reação de cada um e cuja duração respeita o tempo e as peculiaridades humanas.

Cada pessoa vive o luto à sua maneira, e em alguns casos, pode também acontecer de uma mesma pessoa passar por mais de uma situação de luto e lidar de maneira diferente em cada uma delas.

Normalmente, a fase mais complicada do luto é o primeiro ano. A casa, os pertences, os locais antes frequentados, as viagens, aniversários e tantas datas importantes a serem comemoradas… tudo isso continuará existindo, mas sem a presença daquela pessoa tão querida, que agora não está mais ali fisicamente.

O luto nas festas de fim de ano

É importante deixar claro que o luto é uma fase sensível e que a pessoa enlutada pode simplesmente não se sentir confortável em participar de festas ou reuniões em família.

Esse é o caso das festas de fim de ano. Embora tradicionalmente comemoradas com reuniões festivas, é importante entender que comemorar a data não é uma obrigação e que não há problemas em passá-las sem eventos. Faça sempre e somente aquilo que sinta confortável de fazer.

Porém, talvez essa seja a oportunidade de ter alguns momentos um pouco mais leves, em companhia de pessoas que, embora conheçam o momento pelo qual se passa, estão ali para apoiar e tentar ajudar de alguma forma. Compreensão e apoio em momentos de luto nunca são demais.

Confira algumas dicas de como passar pelo luto nas festas de fim de ano:

 Respeite os seus limites

Mesmo algo aparentemente simples, como enfeitar a casa no Natal, pode ser um exercício complicado para a família em luto. Contudo, você não tem a obrigação de organizar essa data como o fazia antes. O importante agora é lidar com a situação de acordo com as possibilidades do que é suportável fazer.

Se for o caso, não há problema em optar por não celebrar as festividades. Não se culpe. É um período do ano no qual as famílias precisam conversar, preparar-se e aceitar a dor do luto. A partir desse diálogo, as pessoas conseguem colocar os seus sentimentos “para fora” e tomar a melhor decisão em relação ao final de ano.

Permita-se inovar

Quem disse que é preciso comemorar sempre do mesmo jeito, no mesmo lugar e seguindo as mesmas tradições? Se a ausência de um ente querido faz com que uma tradição de família se torne dolorosa demais, não há problema algum em inovar, mudando o cenário ou mesmo a forma da comemoração. Pode até ser que a mudança se revele mais saudável para mais gente!

Se notar que algum dos momentos em família irá fazê-lo se sentir desconfortável certamente a melhor decisão será criar novos costumes, novos momentos e tradições. Afinal, não há possibilidade de uma velha tradição ser incômoda, se ela não for seguida.

Não se isole

Por mais difícil que seja encontrar outras pessoas no momento, é necessário não se isolar completamente. Mesmo para uma pessoa que seja mais recolhida, o recomendável é participar do convívio e das refeições, ainda que brevemente. Do contrário, não sabemos quais emoções e crises podem surgir, daí a importância de ter alguém por perto.

Amigos e familiares também precisam participar ativamente do acolhimento da pessoa em luto. Não se deve cobrar determinado comportamento, mas convidar, ouvir e estar perto sem críticas. É preciso ter humanidade e delicadeza, pois é uma situação difícil para todos.

Faça uma homenagem

Homenagear o ente querido com algum gesto é uma boa forma de, simbolicamente, sentir a sua presença durante as festividades. Essa, porém, é uma sugestão que depende do momento em que a família está, e se ela considera suportável fazê-lo, pois deve ser uma atitude que traga certa leveza em meio à dor. Nesse caso, permita-se buscar no coração as boas memórias que permanecem “vivas” com a pessoa. Alguns exemplos para fazê-los são:

  • Montar uma árvore de natal com fotos dos familiares, inclusive com aquelas dos que já não estão mais presentes;
  • Fazer uma pausa na celebração para contarem histórias do falecido;
  • Incluir o seu prato favorito na ceia;
  • Ouvir as músicas de que o ente que partiu gostava;

Recorde momentos especiais

Quando se sentir confortável para tanto, procure relembrar com carinho quem se foi. Reprimir sentimentos não é mentalmente saudável, então é interessante se permitir essas lembranças, ao menos em algum momento.

Um gesto, um tempo dedicado a olhar um álbum de fotos um dia inteiro, não interessa. O que realmente importa é você se sentir bem e superar a dor a melhor forma possível.

Empatia e acolhimento

Não há um padrão a ser seguido ou um manual sobre como fazer o sofrimento ser menor ou menos duradouro. A empatia precisa ser exercida, mas não no sentido de tentar encontrar soluções para uma dor sem solução, e sim como uma tentativa de oferecer um mínimo de consolo, necessário para que a própria pessoa que passa pelo luto consiga reunir forças por si mesma para superar a dor.

O acolhimento é fundamental, mas não seja invasivo. Faça planos com a pessoa, pergunte o que ela quer, ofereça ajuda, ouça, esteja presente. Evitar a convivência com uma pessoa só por que não sabe o que dizer ou fazer, só piora a sensação de vazio do enlutado, da mesma forma que gera uma sensação de culpa em quem se afastou, por sentir que não fez algo que poderia ajudar.

O luto é parte da vida

Não importa a data: quando se perde alguém querido, a vida toda muda. Nenhum momento do cotidiano terá mais o mesmo peso, a mesma convivência, a mesma presença ou o mesmo valor.

Datas como Natal e Ano Novo, intensificam naturalmente a sensação de perda ainda não superada, principalmente porque costumam ser momentos de carinho e companhia de familiares e entes queridos. Da mesma forma, também serão pontos sensíveis os aniversários e quaisquer outras datas que se comemorava antes com a presença daquele ente querido, que não está mais ali.

O luto é parte da vida. Apenas parte, e não o todo. Como tal, precisa ser uma fase, tão bem vivida e devidamente enfrentada com a mesma garra de tantos outros desafios que a vida apresenta. Fugir disso é renegar uma parte importante de nós, pois só existe o luto, se algum dia houve amor e carinho.

O mais importante é reconhecer as lembranças boas, aprender com a saudade e tentar seguir em frente, dando valor àqueles que ainda nos cercam, que muitas vezes compartilham nossa dor e que fazem seu melhor, dia após dia, para que a saudade seja menor do que a vontade de ser feliz e de continuar celebrando a vida como a dádiva que ela é.

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